Quem falou que temos que crescer e crescer e só crescer em nossa vida profissional?
Quem foi o “anjo” que enfiou em nossas cabeças que só o crescimento é sinal de sucesso? Que se não chegarmos ao cargo mais alto não seremos plenamente realizados?
Posso te contar uma coisa? A vida não é um morro acima. Temos muitas ladeiras para descer também. E está tudo bem!
Normalmente os maiores aprendizados acontecem justamente na mudança de direção, quando algo que planejamos não saiu como esperado e, num ato de sobrevivência, nos reinventamos.
Longe de mim romantizar crises e momentos delicados, não é essa minha intenção. O que eu gostaria de transmitir com este artigo é que acabamos sendo reféns de conceitos pré-concebidos, arcaicos e irrealistas!
A vida nos prega peças, a vida nem sempre é gentil conosco. O mercado está cada vez mais volátil, as necessidades das empresas mudam como as estações do ano (se você trabalha com startups então…), as habilidades requeridas não são mais as mesmas… e nem sempre dá tempo de correr atrás.
Não seja tão duro consigo!
Sabe, eu gostaria muito de ter lido estas palavras no meio da pandemia de 2020, quando o mercado em que eu atuava há quase 20 anos ruiu e eu me vi, aos 37 anos, tendo que recomeçar e atuar em mercados que eu mal conhecia.
Foi duro? Muito!
Sofri horrores? Sim!
Valeu a pena no final das contas? Com certeza!
Faria tudo de novo? Se eu não tivesse escolha, sim!
Neste processo, (em que a terapia foi fundamental), eu lidei com os meus maiores medos, encarei minha completa falta de consciência sobre empregabilidade e domínio de minha narrativa. Vi que eu não sabia contar minha história, tampouco enumerar minhas principais qualidades. Percebi que eu não era “dona” de mim.
A escrita serviu como um processo de cura, me arriscar em diversos momentos, estudar coisas novas, me atrever a convidar pessoas que eu admirava (mas não conhecia) para cafés virtuais, foram algumas das ações que me trouxeram uma nova perspectiva sobre minha carreira e finalmente, sobre o que é o trabalho para mim.
Não, esta história não tem um final feliz, até porque ainda estou no meio dela. Às vezes subindo umas colinas e outras vezes capotando ladeira abaixo.
Continuo escrevendo, empreendi na indústria da moda, estou abrindo novas frentes de trabalho, me conectando com profissionais fabulosos, e me arriscando a ser colunista.
Se a Mariana de hoje falasse para a Mariana do dia 20/05/2020 tudo que iria acontecer a partir dali, eu sentaria e começaria a rir e diria que tudo aquilo era uma piada. Imagina? Uma diretora de vendas, bem sucedida, estável em uma das maiores empresas de hospitalidade do Brasil, com um futuro promissor. Até parece!
Maaaaassss tudo isso foi ladeira abaixo e lá no final dela, eu tive que levantar, reunir os caquinhos e subir por uma trilha desconhecida e sem perspectiva de absolutamente nada.
Morro acima e ladeira abaixo, aprendi a acolher cada parte da jornada.
Me reinventei, me fortaleci, e aprendi que o verdadeiro sucesso está em viver cada etapa com autenticidade, coragem e abertura.
E quem sabe, rindo um pouco mais de cada “piada” que a vida nos conta.
E você, já viveu algo parecido?
