Bia Nóbrega (Host):
“O desabafo corporativo de hoje é: ‘O melhor funcionário nem sempre será o melhor líder’. Beto, quais as competências essenciais que diferenciam o bom funcionário do bom líder? Vamos desabafar sobre isso.”
Beto Gioia:
“Vamos desabafar, Bia! Esse é um desabafo bem tradicional, porque é muito comum vermos ótimos executores, aqueles que mais entregam, sendo promovidos a cargos de liderança. O raciocínio é: ‘Se ele é o melhor vendedor, ele também será o melhor gestor da área de vendas’. Parece uma promoção justa, meritocrática, mas as competências de um bom líder são muito diferentes das de um excelente executor. O que esperamos de um líder é a capacidade de potencializar o time e gerar resultados coletivos, não executar sozinho. E o que geralmente acontece é que a empresa perde um ótimo executor e não ganha um bom líder.”
Bia Nóbrega:
“Exato! E muitas vezes essa pessoa acaba infeliz, porque não foi preparada para liderar, e o time também sofre, porque perde espaço para crescer. Isso acontece muito com líderes que, diante de metas não atingidas, atropelam o time e resolvem executar tudo por conta própria. Isso cria uma série de problemas, certo?”
Beto Gioia:
“Com certeza! Quando o líder faz o trabalho da equipe, ele impede o desenvolvimento dos outros, e isso tem consequências negativas. Primeiro, desestimula o colaborador, que passa a sentir que não tem confiança por parte do líder. Segundo, o líder se torna uma mão de obra cara, porque está fazendo um trabalho que não deveria. E, por fim, esse ciclo vicioso cria uma equipe que depende do líder para entregar, o que acaba prejudicando a longo prazo.”
Bia Nóbrega:
“E o líder acaba se sentindo sobrecarregado, enquanto o time fica desmotivado, achando que não é capaz. Isso gera um ambiente de frustração para todos. É aí que entra a questão das competências essenciais: quais são as habilidades que realmente fazem a diferença para um bom líder?”
Beto Gioia:
“Essa é a chave! A liderança exige competências completamente diferentes. Empatia, comunicação assertiva, capacidade de tomada de decisão, autenticidade, são habilidades que nem todos têm naturalmente. E também é importante saber se a pessoa realmente deseja assumir essa responsabilidade. Nem todo mundo quer ou está preparado para ser líder, e tudo começa com o autoconhecimento.”
Bia Nóbrega:
“Exatamente! E essa autenticidade é fundamental para construir uma relação de confiança com a equipe. O líder precisa ser genuíno, escutar de verdade e estar aberto a diferentes pontos de vista. E muitas vezes, isso exige vulnerabilidade. Mostrar que você não sabe tudo e que precisa da ajuda do time para enxergar pontos cegos é um grande passo para construir essa confiança.”
Beto Gioia:
“Sem dúvida! E essa vulnerabilidade é o que conecta as pessoas. O líder que está sempre se mostrando como o ‘super-herói’ acaba se isolando. Já o líder que admite suas falhas e pede ajuda inspira os outros a fazerem o mesmo. Isso cria um ambiente onde todos se sentem à vontade para contribuir e crescer.”
Bia Nóbrega:
“E isso também nos leva a outra questão: como as organizações podem identificar quem realmente tem potencial para liderar? Nem sempre quem bate as metas tem o perfil de liderança. As empresas precisam olhar para as habilidades socioemocionais, que são essenciais para liderar pessoas.”
Beto Gioia:
“Sim, as habilidades socioemocionais estão se tornando o grande diferencial. E as organizações precisam começar a perceber isso desde o início. Reconhecer quem tem interesse genuíno em ajudar os outros, quem tem empatia e está disposto a ouvir, é fundamental para desenvolver bons líderes. E para isso, os líderes e o RH precisam observar atentamente o comportamento das pessoas ao longo de suas jornadas.”
Bia Nóbrega:
“Exatamente! E uma dica importante para as empresas é não promover alguém apenas porque essa pessoa é tecnicamente competente. O que conta mais são os valores e as soft skills. O conhecimento técnico pode ser desenvolvido, mas o interesse genuíno no crescimento dos outros e na colaboração é o que realmente faz a diferença.”
Beto Gioia:
“Perfeito! E, por fim, um bom líder não é alguém que quer ‘saber tudo’ e controlar tudo, mas alguém que confia na sua equipe, que cria um ambiente seguro para que todos possam falar e contribuir. E tudo começa com o autoconhecimento e o desejo genuíno de desenvolver os outros.”
Bia Nóbrega:
“Isso mesmo! O melhor líder é aquele que lidera pelo exemplo e se preocupa com o desenvolvimento do time. Um excelente colaborador individual pode ser valorizado de outras formas, sem necessariamente ser promovido a líder. O importante é que ele esteja no lugar certo para crescer e contribuir da melhor forma.”
Beto Gioia:
“Exato, Bia! E para finalizar: vamos parar de promover quem simplesmente bate metas, sem olhar para o ‘como’ essa pessoa faz isso. O como é tão importante quanto o quê, e a liderança exige muito mais do que apenas resultados técnicos.”
Bia Nóbrega:
“Com certeza! Um bom líder começa com a capacidade de liderar a si mesmo e de ter um interesse genuíno no crescimento dos outros. Obrigada, Beto, por mais esse desabafo corporativo! Até a próxima!”
Beto Gioia:
“Obrigado, Bia! Até a próxima!”